Wednesday, May 17, 2006

Matrix

Depois da última nota de Out of Space e do Prodigy deixar o palco, minhas pernas voltaram para o lugar e me avisaram "ô muleke, você não acha que está abusando não? paramos. não brincamos mais!" e então resolvi desencanar de ver o resto do Skol Beats e ir pra casa.

No momento em que todos deixam de ser a multidão e voltam a ser indivíduos e pouco a pouco começam a se movimentar rumo a banheiros, tendas, bares e outros pontos, ouço uma melodia conhecida. Nos auto-falantes que antes tocavam música eletrônica pesada soavam música love song-total, e já uma vez tema de abertura de novela global, Love is in the Air. Pensei que eu tava viajando ou delirando, mas não. As pessoas ao meu redor que acompanahavam a música cantando algo semelhante à letra (convenhamos que as pessoas só conhecem o refrão) e os casais se beijando (seria mais bonito se tb não entrasse nesse grupo homem e homem, mulher e mulher, homem e árvore, mulher e poste - ainda bem qeu não podiam animais) provavam que estava tocando o hit de John Paul Young no Skol Beats para um mesmo público que bateria até na mãe se a mesma se encontrasse ali durante Smack my Bitch Up. E que o povo estava curtindo. Foi único...

Depois de pular com desconhecidos durante o refrão de Love is in the Air e de me afastar do aglomerado, verifiquei que a bateria do meu celular havia se esgotado. "Merda!" pensei, mas lembrei que a minha astúcia fez com que eu pegasse um cartão telefônico no carro e o colocasse na pochete. Rá! Era só achar um orelhão e pronto, faria minha ligação para avisar que estava saindo do Anhembi já. Encontrei o orelhão e na frente dele uma fila enorme de pessoas. Acho que não fui o único sem celular ali. Fiquei puto, mas tudo bem.

Percebi então que ao lado do orelhão com n-elevado-à-décima-potência pessoas, havia um sem ninguém a espera. Lógico que imaginei que o mesmo estaria quebrado, mas pelo sim e pelo não, fui tentar. Tirei do gancho e o levei a orelha. Somente dava pra ouvir uns estampidos bem baixos, mas cadenciados. Tuc Tuc Tuc. Aí acendeu o visor verde do telefone. E estava escrito algo assim:

Identific ## *7 * l

Na hora, desliguei o telefone e sai achando que tinha alguem olhando pra mim e rindo "Bestão, é lógico que tava quebrado!". Mas no caminho para o carro entendi!! Era uma passagem para fora da Matrix!! Tudo tão óbvio!! Love is in the Air foi um erro da Matrix, só pode ter sido. E que outro lugar amis indicado para uma chamada para fora da Matrix do que no Skol Beats, num telefone público, dentro do sambódromo? Como pessoas que realmente não são desse mundo? Era o canal. Como a ligação não era para mim (sim, muito dos orelhões em SP não tocam quando vc liga para eles), pois ainda estou preso na Matrix, não funcionou. E se alguém sumisse ali, todos iam achar que era efeito do ecstasy ou do ácido e sussa.

Ou pode ter sido coisa do PCC, mas prefiro que seja da Matrix...

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