Tuesday, May 16, 2006

The vodoo people

Eu tinha somente duas preocupações: que meu óculos não caísse e que meu celular não fosse esmagado. Isso resolvi facilmente metendo um touca na cabeça e pondo o ceular numa capade couro e esses num pochete forrada e essa numa mochila e essa virada pra frente, encostada em minha barriga.

Faltavam alguns minutos para omeçar e pessoas passavam mal, outras menos felizes e sem tirar o atrase ficavam nervosas ao tomarem esbarrões. Porra, num lugar onde o legal é esbarrar em pessoas esse tipo de gente nem deveria estar lá. Tem gente que nasceu pro camarote e outros que nasceram para a pipoca. Eu sou pipoca, sempre.

Se a perna cansava, era só soltar o corpo que as outras 30.000 pessoas ao seu redor te seguravam, mesmo involutariamente. Se algum professor tiver dificuldade de explicar osmose ou fagocitose, leve seus alunos a um show megalotado na pista. Você é levado, tragado e expelido de rodinhas e fica a mercê de uma força superior que movem os corpos. O cara encostado na grade tem a força sobre humana de dar um passo pra trás e reorganizar todos à sua volta.

Sei que durante 15 minutos consegui andar só 3 metros, mas em 30 segundos andei 10 metros. Vai entender...

Quando o Prodigy entrou, transformou 30.000 pessoas em uma massa, multidão e público. O indivíduo não exisita mais. Tudo era meu, seu e nosso. O de baixo era meu, seu e nosso (se eu fosse pra frente, pisavam no meu pé, se eu fosse pra trás, pisava no de alguém e se fosse pro lado podia torcer o de alguém ou ter o tornozelo torcido). O suor e o calor eram meu, seu e nosso (10 cm acima das cabeça fazia 15° C, mas lá no meio era uns 28°C). O êxtase, e não ecstasy, era meu seu e nosso (via-se no olhar quem estava curtindo o show de manira única, quem curte prodigy mesmo; os olhares trocados com pessoas que jamais irei ver novamente seguidos de um sorriso de satisfação junto com pulos provaram que era geral aquela sensação). O óculos eram meu, seu e nosso (no momento que alguém perdeu os coulos no meio de Poison, abriu uma roda e todos os que tavam em volta ajudaram a procurar).

Foi docaralho, inesquecível.

E pro povo da Folha que deu nota 6, vai tomar no cu com areia...

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